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terça-feira, 23 de julho de 2013

A Repressão de Cabral: O Decreto Ditatorial e o Ataque a Jornalismo Alternativo

No início dos protestos achava exagero gritar "fascista" contra o governador Sérgio Cabral. Mas compreendia que poderia ser um exagero como normalmente usamos em outros momentos do nosso dia-a-dia.

Mas a ação de ontem deixa tudo em pratos limpos: O governo Sérgio Cabral é autoritário, repressor e violador dos direitos humanos (um não exclui o outro, na verdade se completam).

A ação da PM (com todos sua ala carnavalesca: Choque, Bope e os malvados azuis) revela que a ditadura continua sendo cultivada dentro dos batalhões.

Saldo de ontem (até o momento)
- Um repórter da AFP atacado pela PM enquanto fotografava a represão a manifestantes.
- 2 jornalistas da mídia Ninja levados para "averiguação" e com denúncia de provas plantadas
- Pelo menos um baleado com arma de fogo utilizada pela PM
- Diversos vídeos registrando P2 infiltrados (muitos usando máscara do Anonymous) e as violações da PM.
- Um vídeo denunciando que quem jogou molotov na própria PM foi um P2 no meio dos manifestantes (a imagem é clara e didática)

A PM tá armando os "vandalismos" pra criminalizar as manifestações! Isso não é novidade e há semanas venho alertando para isso.

O jornalista Paulo Nogueira escreveu sobre a prisão de jornalistas NINJA: "A detenção, na verdade, tinha como objetivo levantar a folha dos dois repórteres para que, caso houvesse alguma coisa registrada, eles permanecessem detidos. É algo que não existe num regime democrático."

Não bastasse isso tudo, um advogado descobriu um decreto do dia 19/07 que soa como um ato institucional da época da ditadura: dá carta branca para a PM (para o governo Cabral) agir da forma que quiser, como se estivéssemos em um Estado de exceção! Inclusive obriga provedores e empresas de telefonia a enviarem dados de qualquer cidadão sem autorização judicial.

A princípio, fui contra manifestações anti-Cabral durante cerimônia do Papa por achar nada a ver, que desviaria o foco das críticas (só achava explicável vinda de grupos perseguidos pelo Vaticano). Mas a presença da imprensa internacional foi fundamental pra "sentirem" como age a PM no Brasil.

Vale lembrar: isso acontece há décadas nas favelas mas, apesar das denúncias, sempre foi abafado na "grande" imprensa.

O curioso, ou trágico, é ver que o fisiologismo político cega. Pessoas que se dizem de esquerda relutam em admitir que o governo Sérgio Cabral ultrapassou a linha que separa o fanfarronismo do autoritarismo.

Defender Cabral acusando manifestantes de "playboyzinhos", "mauricinhos" é, no mínimo, falta de conhecimento do que ocorre nas ruas. Se formos ver, é o mesmo discurso da elite.

Muitos blogueiros preferiram se cegar aos absurdos do governo Sérgio Cabral. O único problema do Rio de Janeiro é a Rede Globo que, diga-se, está unida com Cabral na ocultação da repressão policial (1964: recordar é viver)

Quando o movimento eliminou as gorduras reacionárias e fascistas, a imprensa passou a criticá-lo e a destacar a antes "minoria vândala" nas manchetes. Hoje suspeita-se de que sejam P2, visto os vídeos coletados na manifestação de ontem (22/07).  


Segue abaixo o link com a denúncia do advogado, mais abaixo, vídeos citados no texto.
A coisa está séria!
http://www.viomundo.com.br/denuncias/sergio-cabral-o-policial-infiltrado-e-o-doi-codi-particular.html



Vídeos


Black Bloc espulsa PM infiltrado 

Terrorismo da PM: Policias intimidando moradores dentro de condomínios (usando armas de fogo)


Prisão de um dos jornalistas da mídia NINJA

P2 jogando Molotov e depois se reintegrando ao bando da PM

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Estado Totalitário do Rio de Janeiro: A Farsa dos Vândalos

Esse post não é para revelar um secreto plano por detrás das ações de "vândalos", mas para revelar o ensaio de uma dança macabra que está em curso no Estado do Rio de Janeiro.

Desde o início das manifestações, o ataque a símbolos de poder (institucional ou econômico) são alvos nas manifestações. Em certos momentos, a depredação passou dos "limites" se tornou inexplicável e injustificável. Foi o caso das manifestações desproporcionalmente gigantes, que tomaram muitas capitais brasileiras.

Mesmo neste período, a imprensa cobria tudo de forma muito linda, bela, épica. O propósito é legítimo, o "vandalismo de uma minoria" não estragava o espetáculo que sacudiu o Brasil e, se não reagido de forma inteligente, poderia desestabilizar inclusive o governo federal.

Lembremos: Até a fofa Yasmin Brunet se mobilizou! Quando a imprensa passou a apoiar as manifestações, não era difícil ver alguma estrela no meio dos manifestantes.

Manifestações 2013: Eu Fui!

Logo de início, pegou muitos de surpresa. Alguns mantém até este momento a opinião de que é uma armação golpista, conspiração com infiltrados fascistas, etc...

Naquele período global das manifestações assistimos, sim, a infiltração da extrema-direita. O movimento virou uma massa amorfa, com objetivos difusos. Após passado o momento de euforia e quando as manifestações começaram a ter a sua cara de origem: povo, movimentos sociais, objetivos a serem debatidos.

A presença de anarcopunks para muitos é uma ameaça. Para outros, a mesma coisa que se houvesse extrema-direita. Se essa ameaça parte de pessoas de esquerda, vem de uma esquerda parada no tempo ou de uma esquerda que curte um fisiologismo no "face". Os anarcopunks uniram a "esquerda conservadora" à direita elitizada.

Esse grupo, somado aos Black Bloc, estão sendo alvo do Estado do Rio de Janeiro desde o início das manifestações. Um cidadão preso acusado de depredar a Alerj e de guardar em casa objetos nazistas (politicamente incoerente) foi o primeiro dessa "caça ao terrorismo" de Sérgio Cabral.

Agora, uma semana antes da vinda do Papa Francisco, as notícias que estampam os jornais é que o Ministério Público, as Polícias (e a mídia, claro) se uniram contra os "vândalos".

Sim, o MP se identificou com seu espelho: a PM (sacou o trocadilho tosco??)

A jogada é clara: O mesmo MP que se cala sobre as violações dos direitos humanos pelo Estado e anda a passos lentos nas denúncias de crimes fiscais da Rede Globo, age rapidamente para resguardar o "cidadão de bem" dos vândalos.

Vamos fazer um exercício mental: MP + Estado (Choque, PM) + Mídia unidos contra os "vândalos"

Uma receita de Estado totalitário, né?

Quem denunciaria violações de direito? O mesmo MP que age em conjunto com o Estado?

Quem fará matérias denunciando ações truculentas do Estado? A mesma mídia que não sofre censura, mas pior: Que se alinha ao Estado na "guerra ao terror urbano"?

A única reunião de Sérgio Cabral com manifestantes se deu de forma estranha, com um grupo que foi denunciado como fake pelos manifestantes fluminenses.

Sérgio Cabral prefere jogar o choque contra os manifestantes. Curiosamente, os tais "vândalos" ou são reprimidos covardemente, ou são ignorados e atuam livremente depredando bancos e afins.

Este é outro comportamento que soa como tática para criminalizar movimentos sociais: frouxidão contra as depredações para justificar a linha dura adotada contra as manifestações como um todo.

Os vídeos da Mídia NINJA e da Nova Democracia não deixam negar. A PM trata manifestantes como bandidos.

A mídia, unida ao MP e ao Estado está escondendo isso!

Cá entre nós: Qual a novidade? Na favela agem da mesma forma, mas poucos (apenas os moradores) assistem a essas barbaridades.

Voltando à Yasmin Brunet: O momento atual das manifestações, quando se assiste pelos vídeos na internet e quando se vai às ruas, é de um movimento de jovens que querem ter voz, de parte marginalizada das favelas e dos subúrbios. Um movimento que reflete mais o povão.

Seria esse o motivo do endurecimento? Foi porque saiu o olho azul e entraram o "mulatinho" e o "índio"?

Foi porque não querem desestabilizar o governo, mas expor as vísceras podres das negociatas, picaretagens e jogo rasteiro de nossas instituições? (e, diga-se, nem o judiciário se livra dessa podridão. Vide as denúncias contra o "herói" Joaquim Barbosa)

Manifestantes de Alta periculosidade

Sinto uma grande ameaça dessa tabelinha mídia-Estado-MP aos atos democráticos. O aumento das arbitrariedades por parte da PM a partir de agora pode ter reflexos imprevisíveis. O endurecimento em São Paulo deu no que deu: Adesão em massa a ponto de sair do controle e desvirtuar o movimento.

Teoria (debochada) da conspiração: Talvez a tática de Cabral seja trazer os rostos brancos e os olhos azuis que diminuíram dentro das manifestações.


Vídeos com a atuação da PM-RJ



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Os Comunistas Estão Chegando com o Foro de São Paulo

"Quem tem medo dos comunistas?" poderia ser o título desse post.

Não há nada mais revelador da colonização americana, de parte da nossa sociedade, do que essa vestimenta sobrenatural que atribuem a uma ideologia. No caso, comunistas, petistas, chaviztas, cubanos e bolivarianos são seres onipotentes e onipresentes que podem dar um golpe a qualquer piscar de olhos.

É uma reação tão americanizada, tão besta e tão golpista...

Lembrem que para os milicos e a direita darem o golpe em 1964 usaram como desculpa a "ameaça comunista". Antes disso, a CIA injetava grana em ONGs de "defesa da democracia" pra espalhar ideologia anti-comunista através de rádio, cinema e programas de TV. Na época, IBAD e IPES eram responsáveis por esse trabalho.

Cuidado! Eles ainda comem criancinha

Isso parte sempre, invariavelmente e de forma paranoica, de um lado da sociedade composto pela Elite, Imprensa (que reflete a voz da elite). E os pit-boys de extrema-direita, quem põe em prática o ódio verbal das elites.

De onde partem as paranoias?
- Páginas de extrema direita em redes sociais (e seus respectivos blogs)
- Revistas e blogs de extrema-direita (Veja, blogueiros hospedados no site dos grandes jornais e revistas)
- Instituto Millenium (que coleciona uma série de ataques ao "antidemocrático" Foro de São Paulo)

O que é essa "Sociedade Secreta que quer dar um golpe"?

O mais impressionante é que a tal "organização conspiradora/golpista", ao contrário de todas ao redor do mundo, divulga seus encontros, transmissões ao vivo e documentos ao acesso de todos.

Mas ainda há os que criam teorias conspiratórias.

Se você conversa com seu amiguinho reaça, ele dirá: "Ah, mas isso é o que eles mostram. O que eles escondem apenas entre eles que me preocupa".

Essa frase me lembra uma outra (do general inglês, Wellington), sempre resgatada pelo jornalista Paulo Nogueira. "Quem acredita nisso, acredita em tudo".

Vivemos um tempos onde a frase de Wellington corre o risco de se banalizar. Médicos/espiões cubanos, Golpe do plebiscito, Golpe comuno-petista-bolivariano, Sociedade secreta chamada Foro de São Paulo e isso tudo em menos de um ano.

Vivemos em tempos paranoicos. Aquelas peruas do Leblon, aqueles milicos da brigada paraquedista que derrubariam o Hercules 56 e sonham com isso até hoje... todos! Todos encontram agora um ambiente que lhes é familiar.

As redes sociais e a incapacidade do usuário em ler mais do que a manchete das matérias ajuda um pouco na disseminação de tantas bobagens sem sentido.

Cartaz da festa "Golpe Comunista 2014"! =P


Uma busca rápida pela internet nos leva à página do "Foro" e uma definição rápida na manipulável Wikipedia (que até possui um texto bem razoável). O resto são blogs, páginas em redes sociais e textos na nossa mídia oligárquica atacando o evento.

Não podemos tapar os olhos também. Falta divulgação do tipo "Foro de São Paulo para idiotas" (no bom sentido, claro). Se houvesse, quem desconhecesse o encontro estaria mais vacinado a esses boatos originados de grupos conservadores.

Um palhaço fará a provocação "e as Farc?" em 3, 2, 1...

Bom, o Foro de São Paulo sofre duas acusações mais claras: "É uma organização comunista" e "Recebe dinheiro do narcotráfico".

Quem acusa que prove. Ou que acione a PF ou Interpol ou a narcóticos da Civil...

Até aí, eu poderia ser leviano e dizer que Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo, Bolsonaro, Lobão e Merval Pereira fazem orgias com fotos do Che Guevara e do Fidel e ficar por isso mesmo...

Levantar suspeitas com objetivo de destruir um grupo por divergência ideológica é tão mesquinho, tão primário, que os supracitados (exceto Fidel e Che), hoje ocupam um espaço que lhes cabe: Só falam para os paranoicos e a direita reacionária.

Só pra finalizar esse tópico: Vocês realmente acham que uma revista ultraconservadora como a Veja já não teria denunciado algo tão grave, caso fosse verdade?

"Ah, mas o narcotráfico das Farcs é muito qualificado. Lavam dinheiro e ninguém sabe depois."
Esse Wellington, novamente se mete no meio do assunto: "Quem acredita nisso, acredita em tudo"

Os do contra... Quem odeia o Foro de São Paulo

Além dos de sempre: Merval, Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo e cia, e de coxinhas que fazem vídeos pra postar no youtube, a UnoAmerica (liderada por Alejandro Peña Esclusa) é a organização que pretende fazer o contraponto ao Foro.

Para refrescar a memória, Alejandro Peña Esclusa é acusado de diversas sabotagens golpistas. Ele é ligado a grupos terroristas residentes em Miami (sim, Miami. Leia o livro os Últimos Soldados da Guerra Fria) e a Francisco Chávez Abarca, acusado de envolvimento em atentados cometidos em Havana.

Após depoimento de Abarca, Esclusa foi preso em casa com explosivos, detonadores e munição para armas de fogo.

O cara possui uma ficha corrida de conspirações e apoio a golpes. Mas Reinaldo Azevedo diz que este senhor é nada mais do que vítima de perseguição do regime comuno-chavo-bolivariano.

Ah, ele também participou da tentativa de golpe contra Chávez em 2002 e é ligado ao  Tradição, Família e Propriedade (TFP) grupo de extrema-direita que foi um dos apoiadores do golpe militar no Brasil.

Curiosamente, em 2010 foi homenageado pelo legislativo do Estado do Alabama(!!!!) por sua oposição a Chávez (Ou seria um agradecimento aos serviços prestados?).


O Maior Problema do Foro de São Paulo (ou "É de esquerda? Tá f%$# na minha mão")


A maior ameaça do Foro de São Paulo sempre foi o fato de abrigar todas as lideranças e forças de esquerda da América Latina. Região com suas particularidades de séculos de exploração pela Europa e décadas sob ditaduras patrocinadas pela CIA.

Antes mesmo dessa onda de governos de esquerda na América Latina (eleitos democraticamente e com oposição ferrenha da direita e da mídia, diga-se), o Foro já funcionava ativamente.

"Golpe, tá vendo! Existia antes pra tramar o golpe". Viram como é fácil ser paranoico, crianças?

Naqueles momentos iniciais discutiam os rumos da economia na região, política externa e a ameaça da consolidação da ALCA. A maior crítica era a subserviência dos governos do Sul ao poder do Norte.

O maior problema do Foro de São Paulo é ter unido ao seu redor as maiores forças de esquerda. A maior ameaça do Foro de São Paulo é ser um contraponto à ideologia conservadora das elites latino-americanas. Elas só admitem um ponto de vista, é só notar que não há debate, apenas demonização e tentativa de destruir as ideologias divergentes.

A integração regional é outra questão a se considerar nos ataques que o Foro de São Paulo recebe. Esta integração dos países da América Latina sempre foi alvo da direita. O Mercosul (Mercosur) e a Unasul (Unasur), já foram atacadas durante campanha eleitoral de 2010, pelo candidato José Serra (PSDB). A sabotagem à união dos países na região é antiga e interessa às elites e aos Estados Unidos. Curiosa essa eterna dobradinha, não?

As elites que gritam "golpistas", são as primeiras a tramarem os golpes. Foi assim contra os presidentes democraticamente eleitos Hugo Chávez (em 2002), Manuel Zelaya (em 2009) e Fernando Lugo (em 2012).

Sem nos esquecermos dos golpes nos anos 60/70/80 apoiados pelas elites e pelos Estados Unidos. Nelas, os lemas invariáveis: "combate ao comunismo" e a contra a "comunização do Brasil".

Espero que novos textos sobre o Foro de São Paulo surjam para jogar mais luz no debate, que diz respeito também à integração latino-americana!

terça-feira, 9 de julho de 2013

O "Gigante" Golpista, a Esquerda e as Manifestações do Dia 11 de Julho

O despertar do gigante golpista, claramente evidenciada no derradeiro ato de quinta-feira (20/06), gerou uma reflexão por parte de estudiosos e manifestantes.

A infiltração da extrema-direita já era notada desde o início dos atos, quando se espalharam pelo país. Porém, na quinta-feira, a atuação de grupos de extrema-direita despertou atenção até entre os que achavam exagero tais observações.

Curiosamente, a infiltração desses grupos coincidiu com o momento em que a imprensa passou a exaltar os jovens manifestantes. Naquele momento, muitos jovens foram às ruas pela primeira vez. Despolitizados, engrossaram o coro reacionário contra militantes partidários e tentavam relativizar os ataques que esses militantes sofriam por parte de grupos fascistas. No Rio de janeiro, um militante do PSTU teve o rosto desfigurado após ser atacado por um grupo com a máscara de Guy Fawkes.

Esse "fenômeno" resultou inclusive em um anúncio de suspensão das manifestações por parte do Movimento Passe Livre. A ideia era refletir, dentro do movimento, o que levou a esse desvirtuamento de pautas e aumento de agressões dentro das manifestações. Muitos da extrema-direita aproveitaram a notícia para atacar o MPL, espalhando boatos de que estes eram vendidos e pararam as manifestações por terem se vendido.
Acusações infundadas, mas que fazem parte de uma estratégia da extrema-direita em controlar as manifestações e cooptar os novos militantes que saíram das redes sociais querendo ter sua voz ouvida.

Nós, que participamos de muitas manifestações (eu participo desde 1998), sabemos que não é normal uma segregação física dentro de atos, como alas de escola de samba. Temos, sim, divergências ideológicas (a própria esquerda tem as suas), mas não ultrapassamos o debate acalorado, discordando do argumento do outro, expondo os nossos, sendo convencido que estávamos errados em um ponto de vista, mantendo outros...

Mas o que move a extrema-direita é o ódio. Não há indignação, discordância ou dúvidas que suscitem debates. Há divergências que precisam ser combatidas. O objetivo da extrema-direita é destruir a divergência, destruir o que é diferente.

Foi assim no Nazismo, no Fascismo e nas Ditaduras resultantes da epidemia de golpes que assolaram a América do Sul.

Com nomes chamativos em período tão moralista no qual vivemos, a extrema-direita se esconde sob a fachada de "Organizações", "movimentos". Um deles é a Organização de Combate à Corrupção - OCC. Qualquer comparação com o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) não é mera coincidência.

É só conferir na página do Facebook do grupo o nível de ódio e intolerância (e ignorância) que escorre por lá.

Travestida de paranoia anti-comunista (sim, a extrema-direita zela pela ideologia sagrada da Guerra Fria), a página é um festival de ataque à memória recente do país. As loucuras que correm por lá não se sustentam a 10 minutos de debate. Mas quem disse que querem suscitar debate? Querem espalhar o ódio.

A ideologia que resultou em torturas e outras violações de direitos humanos nos porões da ditadura não é aberta ao diálogo, ao debate... à democracia.

Basicamente, a linha de raciocínio da página é a seguinte:
1 - Exaltação a Ditadores e ao Golpe de 64 (que chamam de... revolução)
2 - Medo (Alô, Regina Duarte!) de um golpe Comunista;
3 - Ataques a movimentos sociais;
4 - Uso incansável da novilíngua ao abordar eventos históricos
5 - Briga constante com os fatos históricos.

Viúvas da ditadura, uni-vos!


A extrema-direita (OCC incluída) age como capanga dos donos do poder, espalhando e incitando o ódio a minorias. Muitas das "correntes" conservadoras do Facebook surgem dessas páginas e são repassada por inocentes úteis (admito que odeio essa expressão)

A investida atual do grupo de tietes de Bolsonaro é o combate ao Foro de São Paulo e à Mobilização Nacional organizadas por inúmeros movimentos sociais, e que conta com adesão de professores universitários, grupos de defesa de direitos humanos, estudantes, moradores de favelas, defensores da democratização da imprensa entre outros que tornam o movimento representativo da sociedade.

E esse é o medo! O povo com pautas próprias. Com demandas que põem em risco regalias das elites.

O Povo? Os excluídos?
Receita da extrema-direita: Misture alho com bugalho e espalhe a paranoia na internet

"Anauê, My Brother!"

Quando a extrema-direita começou a tentar reescrever a origem das manifestações (apagando a luta pela redução da tarifa, pelo passe livre, pela cidadania dos excluídos), tentava também inserir pautas moralistas, desfocadas e conservadoras. Impeachment, corrupção, destituição passaram a aparecer como se aquilo fosse prioridade em uma sociedade onde ainda há gente que nem cidadão é considerado pelas autoridades.

A extrema-direita quer o fim da corrupção (como se um decreto bastasse para isso), mas não concorda com o aprofundamento radical da democracia.

Exaltação ao Golpe e medo de Edward Snowden


Exaltam o capital, se dizem nacionalistas, mas lambem botas do Tio Sam (odeiam o espião comunista chamado Edward Snowden), têm urticárias ao ouvir falar em reforma agrária (é golpe dos comunistas do MST) e bandido bom é bandido morto. Democracia, portanto, não é o forte desse grupo que atualmente clama por uma intervenção militar no Brasil.

Já imaginaram o quão absurdo seria simpatizantes do Nazismo com páginas em redes sociais e realizando atos públicos pela volta do regime que assombrou a Europa?

A conivência de parcela da sociedade com as atrocidades nos porões da ditadura, com os grupos paramilitares que exterminavam pobres e "comunistas" (somada ao tempo cada vez mais longínquo, que nos separa daquele período) resulta nesse tipo de agressão à nossa História através de atos de exaltação ao golpe e à ditadura.

Pior: Redes sociais, que excluem perfis por causa de uma pintura com seios expostos, parecem fazer vistas grossas a esses grupos que semeiam ódio através de boatos e manipulação de fatos históricos.

Rei, rei, rei, o "ditador" Geisel é nosso... miguxo!

E que não se enganem quem acha que a investida da extrema-direita é apenas contra um partido. O PT (mesmo tendo no governo atual uma atitude bem conservadora em nome da governabilidade) é a "ameaça comunista" atual, mas se outro partido de esquerda se destacar mais, o foco se centrará neste! Não contra o PT, mas qual esquerda está em destaque no momento.

O ataque ao MST, às centrais sindicais, ao PT, deve ser visto como um ataque ao PSTU, PSOL, PCdoB, MTST, MPL, UNE, Observatório de Favelas, e qualquer outro movimento que represente a parcela que precisa gritar para ser ouvida. O ataque aos movimentos sociais, portanto, se origina na parcela que tem acesso livre pra pôr a faca no pescoço das autoridades.

A extrema-direita, como disse, é a linha de frente dos "Donos do Poder" e o povo é visto como a massa que lhe dá representatividade, só isso. Para eles, o povo é a massa de manobra em potencial.

Foi assim na "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" e que agora, curiosamente, parece voltar com a "Marcha das Famílias contra o Comunismo", marcada para o dia 10 de julho, um dia antes da Mobilização Nacional convocada pelos movimentos sociais. A adesão, claro, não deve chegar nem perto do que foi o ato crucial para desestabilização do governo João Goulart.

Com esse revival, a pergunta que se faz é: A CIA patrocinou o IBAD para desestabilizar o governo Jango.
Há alguém (ou alguma instituição) apoiando os nobres "nacionalistas" que odeia comunistas e tem tanto ódio de bandeira vermelho quanto um touro?

Seria o Instituto Millenium (no qual há ilustres ídolos da OCC)?

Os discursos amedrontadores de ameaça comunista, golpe dos vermelhos são os mesmos (e os "intelectuais" do Millenium também são adeptos dessas paranoias). Embora os tempos sejam outros.

"Tenho medo. Muito medo", diria um membro da OCC


Na nossa história, os nacionalistas paranoicos deram belos exemplos como podem agir para tentar manipular a opinião pública, causando caos e se infiltrando entre grupos populares.
Lembremos do "Caso Para-Sar" (ou Atentado do Gasômetro) ou do Atentado do Riocentro

O Gigante estabanado que acordou é a velha carcomida extrema-direita. O mesmo "Gigante" que acordou em 1964!

Em 1964, a classe média foi a "massa de manobra em potencial" e ajudou a engrossar o coro da extrema-direita na Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Nessas horas, o gigante agradece pois a classe média ajuda a deixar tudo como sempre foi para os donos do poder.
O tal Gigante em 1964, nas placas da Marcha da Família, em Santos-SP



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*A quem gosta de ler, não faltam livros cobrindo o período Golpe-Ditadura no Brasil. Filmes como "Condor", "O dia que durou 21 anos", "Cidadão Boilesen" são alguns que abordam o período obscuro da nossa História.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Os "Donos do Poder" Unidos Contra o Plebiscito

Aqui pelo Faltando Teclas, já havia ventilado que a tática da imprensa e de outros que defendem a estrutura política tal como é hoje iriam iniciar uma investida contra o plebiscito para manter suas regalias atreladas a vícios antigos que geram críticas por grande parte da população que vê a classe política como corrupta, refém de empresários, não representativa das vozes populares e, por isso, falida.

Não demorou muito desde o último post para começarmos a ler nos jornais que uma tropa de choque começa a ser formada para fazer água na proposta do plebiscito. Por que?
Por que Gilmar Mendes (que a família parece mandar na política de Diamantino), Ayres Brito, Globo, Folha de São Paulo, PMDB, PSDB, DEM querem um referendo?

Deputados e Senadores não querem Plebiscito.
E o povo vai ficar de fora, mais uma vez?

Por que o medo do povo?


Breno Altman, do site Opera Mindi, e Paulo Moreira Leite, da Istoé, opinam que o medo do plebiscito está no maior poder que este possui em modificar essa estrutura "falida" e "corrupta" de forma mais efeitiva, pois parte do povo. Enquanto que, no referendo, os parlamentares apenas ajustariam essa estrutura para parecer melhor, porém com a raiz podre mantida.
Mas a árvore não se sustenta com a raiz podre!

Segundo Breno Altman: "Vozes mais afoitas do reacionarismo, especialmente na imprensa tradicional, rechaçam o plebiscito como “bolivariano” ou “chavista”, apesar desse instrumento estar previsto na Constituição.  Além de revelarem aversão à soberania das urnas, preferindo o cambalacho dos palácios, tornam pública sua intenção de defender o sistema eleitoral que mais lhes interessa."

Na mesma linha, Paulo Moreira Leite diz em seu blog na revista Istoé que "sem plebiscito, chega-se ao mais importante, que é manter o povo, impotente, fora dos debates. A reforma se resolve dentro dos muros do Congresso – e nós sabemos muito bem os interesses que prevalecem nessa situação. São os mesmos que prevaleceram até agora. Aí, se faz um referendo e todos voltam para casa depois de um piquenique no parque."

A paranoia de "golpe chavista" ou "golpe petista" um dia teria utilidade no nosso cenário político. Essa tática de se ver golpe até no Angry Birds, por ser um pássaro vermelho é antiga. Em 1964 também foi assim.
Porém, a História mostra que quem espalha o "medo" de golpe na sociedade tende a ser verdadeiro golpista.

Denúncias apontam que família Mendes manda na cena política da cidade de Diamantino (MT)
Declaração teria alguma relação com os interesses de políticos familiares?

A paranoia e o "aviso de amigos" saiu dos meios extremistas e começa a aparecer em correntes pelas Redes Sociais


Começou, nesta semana, as disseminações de alerta. "Plebiscito é golpe", dizem algumas figuras. "Plebiscito é Cheque em Branco", dizem outras repetindo a frase bombástica do ex-ministro queridinho dos noticiários Globais, Ayres Britto.

Junto a essas correntes no padrão "quem concorda, compartilhe", os Congressistas começaram o esperneio e tentam transformar o plebiscito em referendo!

Aécio Neves (PSDB) já disse que não apoia plebiscito. Da base governista, o presidente da câmara Henrique Alves (PMDB) foi na mesma linha e fala que apoia um referendo.

Manter as regalias e tudo como está é a tendência do Congresso. O golpe, portanto, parte do lado dos que gritam contra o plebiscito.

A tática é gerar o medo paranoico de golpe ou, no mínimo, falar em "armação petista" para manter a política como é.

Para quem acha que tá tudo calmo agora, peço que se informe melhor! Por baixo dos panos as peças não param de se movimentar...

A união de partidos de direita (PSDB, DEM, PPS, PMDB), da imprensa (que muitos veem como um partido, vulgo PIG*) e de figuras conservadoras da sociedade (incluindo o ilustre Gilmar Mendes) contra o plebiscito é suspeita. A nossa História recente nos mostra isso.

A Globo e outros jornais clamaram pelo golpe. Oposição e imprensa chamavam de democratas os golpistas e fez parcela considerável da população acreditar nessa conversa. Na mesma linha, fez o opinião pública amar Collor em 89, e, mais recentemente, levou a PEC 37 para as ruas (manipulando parcela considerável de brasileiros que nem ao menos sabiam do que se tratava a emenda, mas eram contra).

Não adianta apenas gritar "O povo não é bobo" nas ruas, quando dentro de casa se aceita (e acredita em) tudo o que a TV e os jornais dizem!



*Partido da Imprensa Golpista