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sábado, 20 de outubro de 2012

Algo de Podre, Muito Podre, Ronda o Reino do Supremo

originalmente publicado no blog Ponto e Contraponto

No momento em que o país, de maneira atrasada, diga-se, decide investigar os crimes contra cidadãos brasileiros pelo regime militar. E que aparecem provas contundentes de que a única ameaça ao Brasil  no governo Jango era o fim da mordomia de poucos (o que resultou em esperneios das elites, com apoio dos EUA), um ministro dá aval ao discurso paranoico-golpista de que o Brasil estava sob ameaça real de uma conspiração comunista.

Pior, não é um ministro qualquer. Trata-se de um dos ministros que compõe a mais alta corte do país, o STF, o que torna muito mais grave quando ameaça, com suas declarações, a própria Constituição de 1988.

Marco Aurélio de Mello anda entusiasmado com os holofotes e não cansa de repetir aos quatro ventos que o Golpe foi Golpe e que a "medida intervencionista" por parte dos militares foi uma medida necessária. Segundo suas palavras um "mal necessário".

O nosso democrata chama o Golpe de Revolução, tal qual os milicos golpistas e seus atuais porta-vozes.  E emenda: "Se não fosse a revolução, o que teríamos hoje?"

Como se vê, um grande democrata. E mais: Um senhor que respeita os tratados internacionais ao qual o Brasil é signatário e que reconhece que o Estado brasileiro já foi condenado pelo Golpe (e não pela revolução) em cortes internacionais de direitos humanos.

As declarações do nobre ministro, democrata, constitucionalista, republicana, legalista e quase um Gandhi brasileiro, surge em um momento delicado na América Latina, onde já tivemos dois Golpes encabeçado pelo judiciário: Honduras, em 2009, e Paraguai, em 2012.

Golpes estes onde as Altas Cortes destes países se consideraram sabedores do que é bom ou mau para os cidadãos e utilizaram a Constituição como arma para derrubar governos legitimamente eleitos por voto popular.

Quando um ministro do STF decide processar todos que o contrariam, membros da mesma corte utilizam-se dos artifícios mais questionáveis para se condenar sem provas e agora esta, de um ministro ir a eventos e entrevistas pra defender o Golpe de 64, devemos ficar atentos.... e nos perguntarmos: há algo de podre rondando o Reino do STF?

Leia a Matéria:

Marco Aurélio volta a defender golpe de 64: 'Sem a revolução, o que teríamos?'


Durante entrevista, ministro do STF fala também em 'ares democráticos' para negar caráter político do julgamento do 'mensalão'



São Paulo – O ministro do STF Marco Aurélio Mello, um dos que ajudaram a condenar sem provas réus da Ação Penal 470, conhecida por “mensalão”, voltou a defender na noite de ontem (19) o golpe militar de 1964 no Brasil, que resultou numa ditadura de 21 anos e em milhares de mortos e desaparecidos.

Questionado sobre uma afirmação sua em fevereiro de 2010, quando disse que a ditadura foi “um mal necessário tendo em conta o que se avizinhava”, Marco Aurélio retrucou:
“Eu devolvo a pergunta: sem a revolução – eu não me refiro à ditadura, ditadura é outra coisa – o que teríamos hoje? Não sei”.

A nova declaração do ministro em favor do golpe aconteceu durante entrevista coletiva que antecedeu uma palestra que deu ontem na Universidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, sobre “Segurança Jurídica no País”.

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